Países que estão atualmente em guerra



 
Síria
A guerra civil síria, que começou em 2011, já deixou mais de 400 mil mortos, arrasou cidades e envolveu vários países estrangeiros. Mais de 200 mil pessoas estão desaparecidas e, além dos milhares de mortos, o conflito provocou um grande êxodo, reduzindo a população síria de 21 milhões, em 2010, para 17 milhões em 2019.
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Antes dos terremotos que deixaram milhares de mortos na Síria e na Turquia, no começo deste mês, o país já era o que tinha o maior número de deslocados no mundo: são 15 milhões de pessoas que precisam de ajuda humanitária, após 12 anos de guerra civil.

A guerra começou depois que manifestações pró-democracia eclodiram na cidade de Deraa, no Sul, inspiradas pela Primavera Árabe, em março de 2011. Quando o governo do presidente Bashar al-Assad usou força letal para esmagar a dissidência, protestos exigindo sua renúncia eclodiram em todo o país. As manifestações, inicialmente pacíficas, se transformaram em uma guerra civil de grande escala

Iêmen

Nove anos após o início na guerra no Iêmen, que já deixou 233 mil mortos, mais da metade deles por desnutrição e ausência de serviços de saúde e infraestrutura, o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (Acnur) estima que 21,6 milhões de pessoas — o equivalente a dois terços da população precisarão de ajuda humanitária e proteção em 2023.
Desde 2014, o país vive mergulhado num conflito entre os rebeldes xiitas houthis, próximos ao Irã, e as forças do governo, apoiadas por uma coligação militar liderada pela Arábia Saudita. Uma trégua de seis meses no conflito foi iniciada em abril de 2022, o que permitiu uma redução das vítimas civis, e agora o governo iemenita e os houthis tentam negociar um prolongamento do fim das hostilidades, que expirou em outubro do ano passado.
A ausência de uma trégua oficial e a frágil situação política e de segurança, no entanto, deixam a população num limbo.
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Hoje, os houthis controlam a capital, Sanaa, e grandes extensões de território no Norte e Oeste do país.
“O Iêmen continua a ser uma das piores crises humanitárias do mundo, com 4,5 milhões de pessoas deslocadas internamente e mais de dois terços da população vivendo abaixo do limiar da pobreza”, disse o Acnur, em nota, esta semana.
Segundo a ONU, 5 milhões de iemenitas estão à beira da fome, e 2,3 milhões de crianças menores de cinco anos sofrem de desnutrição aguda, incluindo 400 mil que correm o risco de morrer sem tratamento. Em nove anos de guerra, mais de 10 mil crianças morreram como consequência direta dos combates.
República Democrática do Congo
A República Democrática do Congo (RDC) é um dos países mais pobres do mundo. No Leste do país, área mais violenta, cerca de 120 milícias atuam nas províncias de Kivu do Norte, Kivu do Sul e Ituri. No último ano, os ataques se intensificaram apesar da presença de 18 mil soldados das forças de paz da ONU. Os conflitos provocaram a migração de mais de 521 mil pessoas desde março do ano passado.
Hoje, o grupo rebelde que está no centro da violência atual é o Movimento 23 de Março, ou M23. A RDC, as Nações Unidas e os Estados Unidos acusaram Ruanda de apoiar o grupo, o que é negado repetidamente pelo governo ruandês. Os ataques do M23 escalaram após o governo congolês não honrar um acordo de 2009 que deveria integrá-los ao Exército. Como consequência, o grupo tomou cidades e vilas inteiras e, segundo ONGs de direitos humanos, bombardeou áreas civis e militares.
O ressurgimento do M23 aumentou as tensões entre o Congo e Ruanda e a ameaça de uma guerra generalizada na região. Autoridades congolesas acusam Ruanda de querer saquear os recursos minerais da nação, ao mesmo tempo em que protestos ocorrem em cidades do Leste. A hostilidade entre os países também levou a um aumento do discurso de ódio e da discriminação contra falantes da língua Kinyarwanda, falada em Ruanda, dentro da RDC, alertaram as Nações Unidas.
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Afeganistão
Os ataques de 11 de Setembro de 2001, que deixaram quase 3 mil mortos nos EUA, desencadearam uma série de guerras e intervenções no Oriente Médio, a chamada "Guerra ao Terror", que tinha como alvo principal Osama bin Laden, líder da al-Qaeda. Após ultimatos ao Talibã para que entregasse bin Laden, grupo extremista que então governava o Afeganistão, a coalizão internacional liderada pelos EUA começou a bombardear o país, tirou o grupo extremista do poder e expulsou a al-Qaeda temporariamente.
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Mas a tentativa de construir um Exército afegão confiável se transformou em um fiasco com uma conta de US$ 83 bilhões: foram de 60 mil mortes entre as forças de segurança afegãs e quase o dobro de mortes civis. Nos EUA, mais de 2,3 mil militares americanos morreram e mais de 20 mil ficaram feridos.


Após quase 20 anos de guerra, as forças americanas se retiraram do Afeganistão em agosto de 2021, abrindo espaço para a volta do Talibã. À época, o grupo extremista, que governou o Afeganistão entre 1996 e 2001, se mostrava disposto a rever algumas de suas posições passadas e se abrir para o mundo. Um ano e meio depois, o Talibã se mostrou o mesmo de sempre: manteve o veto à participação de mulheres na sociedade e a perseguição de minorias étnicas e religiosas.


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Mianmar


O país enfrenta uma grave crise desde o golpe de Estado de fevereiro de 2021, quando uma junta militar derrubou o governo da Prêmio Nobel da Paz Aung San Suu Kyi, e decretou um estado de emergência em vigor até os dias de hoje.

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Desde então, mais de 2.900 pessoas morreram na repressão militar contra os dissidentes e mais de 18 mil foram detidas. Suu Kyi, de 76 anos, foi condenada a um total de 33 anos de prisão, em um processo que grupos de defesa dos direitos humanos tacharam de "farsa".


No segundo aniversário do golpe, no começo deste mês, 
a junta militar que governa o país prolongou por seis meses o estado de emergência, o que implica no adiamento das eleições que estavam marcadas para agosto.
Haiti
O Haiti vive uma crise política de enormes proporções desde o assassinato do presidente Jovenel Moïse, morto dentro de casa em Porto Príncipe, em julho de 2021. Ariel Henry, que assumiu após o magnicídio, tem sua legitimidade no posto questionada de forma recorrente, e a ausência de eleições paralisou o Legislativo. Desde então, o país vive um vazio político que deu às gangues ainda mais poder.

Os grupos armados controlam hoje mais de 60% da capital, Porto Príncipe, onde cerca de 4,7 milhões de pessoas enfrentam fome aguda. Um levantamento da ONU divulgado no ano passado deu a dimensão do impacto da violência promovida pelas gangues: só em 2022, mais de 1.400 pessoas foram mortas e mais de mil foram raptadas ou feridas.

 






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