Pesquisadores decifram os segredos do papel-moeda de Benjamin Franklin


Benjamin Franklin foi um dos líderes da Revolução Americana, famoso pela descoberta, em 1750, do fenômeno de condução da eletricidade. Ele criou também, dois anos depois, o para-raios. Mas o que pouca gente sabe é que o cientista também inovou na impressão de papel-moeda. Conforme conta um estudo publicado em 25 de maio na revista Proceedings of the National Academy of Sciences, Franklin imprimiu quase 2,5 milhões de notas de dinheiro para as colônias americanas usando técnicas consideradas muito originais pelos pesquisadores.

A equipe de pesquisa, liderada por Khachatur Manukyan, professor associado do Departamento de Física e Astronomia da Universidade de Notre Dame, nos Estados Unidos, analisou nos últimos sete anos um acervo de quase 600 notas do período colonial. As cédulas faziam parte de uma extensa coleção desenvolvida pela Hesburgh Libraries' Rare Books and Special Collections. 

As notas coloniais abrangem um período de 80 anos e incluem aquelas impressas pela rede de gráficas e outras impressoras de Franklin, bem como uma série de notas falsificadas. Os especialistas contaram com instrumentos espectroscópicos e de imagem de ponta alojados no Laboratório de Ciências Nucleares e em quatro instalações centrais de pesquisa da Universidade de Notre Dame. As ferramentas permitiram que eles olhassem mais de perto do que nunca as tintas, papéis e fibras que tornavam as cédulas de Franklin distintas e difíceis de reproduzir. A ideia do pai fundador dos EUA era impedir esforços de falsificação.


Quando Franklin abriu sua gráfica em 1728, o papel-moeda era um conceito relativamente novo. Ao contrário do ouro e da prata, a falta de valor intrínseco desse papel significava que ele estava constantemente em risco de desvalorização. Não havia notas padronizadas no período colonial, abrindo uma oportunidade para os falsificadores. Benjamin Franklin então trabalhou para incorporar um conjunto de recursos de segurança. "Para manter a confiabilidade das cédulas, Franklin precisava estar um passo à frente dos falsificadores", explica Manukyan, em comunicado. "Mas o livro onde sabemos que ele registrou essas decisões e métodos de impressão foi perdido para a história. Usando as técnicas da física, conseguimos restaurar, em parte, parte do que esse registro teria mostrado”.



Uma das características mais distintas do papel-moeda de Franklin estava nos pigmentos. Os cientistas descobriram que, enquanto as notas verdadeiras tinham apenas vestígios de cálcio e fósforo, as falsas apresentavam altas quantidades desses elementos. Embora Franklin na maioria das impressões usasse (e vendesse) "lâmpada preta", um pigmento criado pela queima de óleos vegetais, sua moeda impressa tinha corante preto especial feito de grafite encontrado em rocha. Esse pigmento é diferente do "preto de osso" feito de osso queimado, que era preferido tanto por falsificadores quanto por aqueles fora da rede de gráficas do cientista.

Além disso, as notas impressas pela rede de Franklin têm uma aparência diferente devido à adição de um material translúcido identificado como moscovita. Os cientistas descobriram que o pai fundador começou a adicionar o ingrediente, com o tamanho dos cristais tendo aumentado com o tempo. A equipe de pesquisadores especula que Franklin inicialmente começou a adicionar moscovita para tornar as notas impressas mais duráveis, mas continuou a adicioná-la quando aquilo provou ser um impedimento para os falsificadores.


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