A Auto-Ética em Edgar Morin - Parte I


A vida é um continuo ensaio. E como toda apreciação literária, faz necessária a produção do pensamento a qual somos os autores e atores.

Vivemos numa sociedade contemporânea sedenta de fundamentos éticos, desorientada pelas pobres ideologias que se fragmentam e evaporam, enganadas pelas falsas políticas que agem de acordo com os próprios interesses e perturbada pela incapacidade que o sujeito gera por suas faltas de tolerância e compreensão. Há na sociedade atual um caos que se dar do micro ao macro e vice-versa, uma desorganização humana que age de forma particular e reflete na vivência geral, e esta por usa vez vitima da responsabilidade humana, revertem ao sujeito todas as suas reações e conseqüências.

Podemos observar que apesar de todos os avanços sociais, discursos simplistas, que tem como pretensão a paralisação do humano em si mesmo, correspondendo assim à lógica de mercado e ao interesse capitalista. Essa prática alienada que o meio favorece tem agradado ao homem, pois exime de sua responsabilidade os contrastes sociais que cada vez mais desfavorece a parte necessitada da nossa sociedade. Nessa lógica não há culpados, nem responsáveis. A vida humana se dá pela relação das pessoas com o interesse interno do sistema financeiro, e nessa relação não existe o outro, suas necessidades, seus dramas e sofrimentos. A esse movimento desumano não se atribui valores, e a ética vivenciada na leva em consideração o outro que se faz comigo, não passa pela reflexão, bem como não há o desperta para uma emancipação da consciência humana, se é que podemos atribuir uma ética, uma emancipação e uma forma de vida a esse sistema.

Segundo Edgar Morin, faz necessária ao ser pensante uma reflexão sobre si. Um olhar atento da subjetividade ética na qual mim faz, e mim interpela, indagando minha consciência da realidade em que me encontro. Para Morin duas vias podem levar-nos ao desfecho ético da nossa subjetividade. Uma seria o acomodamento da realidade nos imposta pela falta de ética, levando assim o ser ao falecimento por asfixia moral. A outra seria a revolução ética. Essa revolução exigia de cada um uma postura ética da qual não há como escapar, fundando assim a chamada ética sem fundamentos a qual ele atribui o nome de auto-ética.

A auto-ética é uma qualidade subjetiva que levando em considerações toda a realidade vivida pelo sujeito, bem como todas as condições históricas e culturais contrapõe as éticas atuais que se integram as relações de grupos, a auto-ética se dá de forma individualizada, descartando assim todas as influências éticas tradicionais. Morin não quis criar na auto-ética uma forma de pensar fora da realidade. A auto-ética é dependente de todas as condições históricas, sociais, culturais e psíquicas nas quais ela emerge. Não há uma dissociação do sujeito de sua historicidade, mas sim todo um embasamento para a constituição dessa ética subjetiva.
CONTINUA...

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