FENOMENOLOGIA EXISTENCIAL


 É bem verdade, que “há vinte e cinco séculos se filosofou e o resultado foi o surgimento de inumeráveis sistemas contraditórios”. Em toda a história da filosofia muitos foram os sistemas que contribuíram a humanidade. No entanto sempre indagados pela essência humana, ou seja, pela origem da existência, grandes pensadores começam a criar sistemas voltados para a investigação da própria existência.

Kierkegaard é considerado o pai do existencialismo, nele o homem é compreendido como pura existência. Para o existencialismo o homem deve ser visto como o que ele é, em si. Entre as características existenciais que o homem apresenta Heidegger atribui ao falar o meio pelo qual o homem encontra sentido e resposta para sua existência. Ainda sobre o homem como existência podemos encontrar pensadores como Descartes, Karl Jaspers, Sartre, entre outros que busca por meio de características humanas, razão, corpo, linguagem, liberdade, dar sentido a vida do homem.

No final do século XIX e início do século XX Husserl através da psicologia e do método descritivo, funda o que então ganha o nome de fenomenologia. Esta disciplina se apresenta como estudo de todos os fenômenos que se manifestam frente às experiências de todos os sujeitos. Husserl embalado com o pensamento cartesiano, busca na dúvida metódica e no método cartesiano uma renovação da investigação e do pensamento a cerca da própria existência do homem.

Com o passar do tempo tanto o existencialismo como a fenomenologia deixaram de ser pensados separadamente e surgiu o movimento de união entre esses dois sistemas, vindo a surgir a então fenomenologia existencial. Essa união trouxe grandes benefícios a esses dois sistemas filosóficos. Apesar das diferenças de pensamentos entre Kierkegaard e Husserl, é notória certa concordância entre ambos. Para eles o homem não é qualquer coisa igual a um átomo.

A grande conquista da então fenomenologia existencial esta no fato em que homem e consciências são pensados de maneira única. Nesse sentido as qualidades do homem são pensadas dentro da consciências que se encontra envolvida no próprio homem. O ser-do-homem se dá pela consciência e essa por sua vez atribui ao homem o caráter de se perceber como algo que é em si. A razão, a linguagem, a corporeidade, o próprio estado de liberdade se dão na relação homem consciência vindo assim a atribuir ao homem a percepção de ser consciente de si.

 Para Descartes a investigação deve ser feita com base na suspensão de todas as aplicações que os sentidos nos pode dar. Essa dúvida radical é para Descartes o caminho da certeza inabalável do cogito (razão). No entanto, Descartes não descarta a questão em que o pensamento que dúvida permanece verdadeiro em toda dúvida, e se eu sou um ser que dúvida, isso me dá a certeza que penso, e nesse pensar esta contido a certeza da minha existência, pois mesmo para duvidar é preciso ser. É nesse movimento da dúvida que Descartes resolve reconhecer como verdade e certeza tudo aquilo que lhe apresenta-se claro e distintamente.

A fenomenologia existencial caminha em um sentido intermediário entre espiritualismo e materialismo, mas evitando os exageros dessas duas tendências de pensamento.

No espiritualismo a fenomenologia afirma o ser-sujeito do homem. O homem como sujeito é existência. Nessa perspectiva encontramos o pensamento Heideggeriano que defini esse sujeito como um ser-ai (Dasein), indicando assim um caráter ec-cêntrico da subjetividade humana. Cabe ressaltar que esse ser-ai está contido no mundo. Sua existência se dá pela consciência de se perceber no mundo, ou seja, o mundo pertence à essência do homem, de modo que não pode haver mundo sem o pensar do homem sobre este mesmo mundo.

Fica claro que a fenomenologia existencial busca uma afirmação da existência por meio da consciência. Todas as atribuições de existência do homem passa pela consciência. O homem se afirma no mundo pela razão, pela linguagem, pelos estados psicológicos e isso nos dá um certo direcionamento para a compreensão subjetiva em que o homem se faz de forma única, mas, com múltiplas determinações. A fenomenologia existencial nos estabelece que além de nossa subjetividade não podemos nos retirar da coletividade. Parece contraditório, mas, a subjetividade em que o ser é descoberto, precisa ser conhecida por outras consciências que lhe darão consciência de si. Nessa percepção de outras consciências é que o homem torna o ser que é, sendo assim existência.

PROFESSOR HELDER FRANCISCO.

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