A Auto-Ética em Edgar Morin - Parte II


Consolidada nas experiências humanas a auto-ética se caracteriza por seus determinantes e princípios. Morin atribui algumas de suas características e de suas relações com o meio como o determinante para se pensar nessa auto-ética. Como princípios, ou seja, como base desse desengajamento ético ele aponta, o caráter, que, sobretudo é indulgente, a neurose de culpa e a própria fundamentação de sua ética em si mesma. Cada qual desses princípios carrega em si sua participação na realidade de mundo. No entanto, a auto-ética se difere das éticas tradicionais pelas exigências impostas a si mesma. Apontando três exigências como focos principais Morin sistematiza a auto-ética e traz para a prática continua esse modo de ver o mundo.

A primeira exigência é a preocupação da autocrítica e a ética-para-si. Na ética-para-si Morin alerta para o nosso egocentrismo. Esse egocentrismo movimenta a vida dando uma parte amoral a nossa moral, parte amoral essa que nos permite a sobrevivência. “Um calo de indiferença é necessário para não ser descomposto pela dor do mundo”. Entretanto, avaliados pela nossa autocrítica somos descentralizados relativamente em relação a nós mesmos e assim passamos a julgar e interagir com o nosso egocentrismo. Isso coloca-nos como unidade no meio em que vivemos, somos apenas parte de um todo que se apresenta como toda a sua complexidade.

Essa complexidade é a segunda exigência que Morin coloca na constituição de sua auto-ética. Na perspectiva da complexidade são postos dois conceitos fundamentais para o conhecimento complexo: A tolerância e a compreensão. Na tolerância encontramos u a dissociação, tendo como pontos uma primeira tolerância, a qual Voltaire já expressava e que tem como consideração o respeito de livre expressar, mesmo que seja de maneira ignóbil, sem nobreza. A segunda tolerância esta ligada a opção democrática, é própria da democracia o pensamento diverso e antagônico. E a terceira tolerância que é uma concepção de Niels Borh, no qual o contrário de uma ideia profunda é uma outra maneira de ver o mundo, ou seja, uma outra ideia profunda. Nestes termos concluiu Morin: “A tolerância opõe-se à purificação ética”. Na compreensão, Morin volta seu olhar para o ser humano. Este segundo ponto, a compreensão, não pode ser reduzido a nenhuma prática ou ato que o sujeito possa vim a cometer. Somos seres humanos diferenciados e por isso nem sempre agiremos conforme o dever. Cabe a nossa virtude compreensiva está voltada ao perdão, a qual tanto desejamos em nossa falhas.

Na terceira exigência Morin sintetiza sua compreensão do ser, bem como apresenta o fator histórico como influente daquilo ao qual se tornará o ser humano. Está atento a esses aspectos faz do ser compreensivo se diferenciar do ser fanático. Enquanto o ser compreensivo compreende o fanático, que quer matá-lo, o ser fanático nunca compreenderá a passividade do ser que ele mata.

Contudo, podemos concluir no pensamento de Edgar Morin, a uma sistematização de uma auto-ética que possa dar ao ser humano melhores condições de vida, que o faça mais humano e compreensivo, que tenha como intencionalidade o bem estar geral, de todos que lhe rodeia. Mas é importante está atento, pois sua auto-ética tem um cunho individualizado, porém voltada a toda comunidade, praticada em função do outro que se apresenta a minha frente e que me torno responsável. Nesse sentido podemos corre o risco de prática uma auto-ética individual, tornando o ser humano desprovido de responsabilidade, sem se posicionar reflexivamente sobre seu egocentrismo, vivendo em si, e não em função do outro. Cabe ressaltar que a auto-ética trata de forma de vida de ser que conduz a uma vida em comunidade e não individual. 

PROFESSOR HELDER FRANCISCO

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