"Ratatouille"? O que pergaminho com ratos chefs revela sobre o Japão medieval?

 


Pergaminho japonês que ilustra um banquete de casamento de ratos do século 16 foi estudado por historiador e fornece informações sobre a culinária da época, bem como o clima social e político


The Illustrated Rat's Tale ou O Conto Ilustrado do Rato (Nezumi no sōshi emaki, em japonês) é um pergaminho ilustrado feito entre 1550 e 1650 que retrata um banquete de casamento de ratos. Publicado na revista acadêmica Gastronomica: The Journal for Food Studies, um artigo buscou entender o que essa arte revela a respeito da sociedade e dos hábitos culinários no Japão medieval.


"Havia muitas histórias escritas no Japão medieval e no início da era moderna sobre ratos, e muitas delas se transformaram em pergaminhos ilustrados que combinavam ilustrações com texto", afirmou Eric Rath, historiador da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos, em comunicado.


Na tradição japonesa, ratos eram admirados por sua esperteza e vistos como símbolos de riqueza, além de serem capazes de tomar forma humana, como retratado em algumas histórias. "O que diferencia esse exemplo são as cenas detalhadas de culinária. Há apenas um outro pergaminho ilustrado que retrata cenas de culinária para esse período; portanto, como historiador de alimentos, eu queria ver o que poderia aprender com essa história de ratos", disse o pesquisador.


Mantido na Coleção Spencer da Biblioteca Pública de Nova York, The Illustrated Rat's Tale conta a história de um senhor dos ratos que deseja se casar com uma humana que não sabe que ele é um rato. Assim, ele e seus acompanhantes realizam um baile de máscaras no qual é servido um grande banquete de casamento, similar ao que seria feito para um xogum (comandante do exército). Ao final da história, a farsa é descoberta pela noiva.


“O casamento exigia um banquete enorme e complexo com ratos que eram chefs especializados; o equivalente japonês medieval do rato do filme Ratatouille", brincou Rath, comparando a história japonesa à famosa animação norte-americana lançada pelo estúdio Pixar em 2007.


Além de oferecer informações sobre o clima social e político da época, o pergaminho também revela detalhes culturais ao retratar a preparação do banquete. "A maneira como os artistas retrataram os ratos se preparando para um banquete oferece informações sobre a divisão do trabalho e o fluxo de trabalho das cozinhas nas residências de elite no século 16, uma época com pouquíssimas outras fontes visuais", explicou Rath.


Todos os personagens têm papeis e nomes, além de vestirem roupas que indicam seu status social. Aqueles de classes mais baixas usam vestes simples com faixas, enquanto os de classes mais altas vestem roupas mais elaboradas, como um kosode (similar a um quimono, mas com mangas curtas) e um vestido cerimonial para homens de elite chamado kamishimo. Já alguns nomes indicam ganância e consumo, como Tōbei, o amante de feijão; Bad Tarō, o comilão; e Kuranojō, o mastigador de arroz.

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